O coração é campo de batalha
Por onde ando, nas trincheiras d’alma?
Dentro de mim juro revolução,
que só amor à poesia salva.

Semente-Flor

Poema Fotossintático

Poema-planta,
alimenta-se de si mesmo.


Poema-planta só é escrito
em papel-vegetal.


Poema-planta só vive
quando vê seu sorriso-sol.

Eu sou garimpeiro.

A pá é o lápis.

Cavoco poemas

no branco suave.

Nu, como nasci,
É assim que estou agora
Este mundo de que me perdi
Não é o mesmo, vem de fora.

Colorido, como cresci,
Do preto-e-branco surgiu a hora.
O país em que sorri
Não é o mesmo, vou embora.

E, de tudo que conheci,
A despedida é o que demora.
Desta vida que vivi
A saudade ainda aflora.

Haiku

No inverno úmido
repousam as meias minhas
atrás da geladeira

*Sim, tem falha na métrica, eu sei u.u'

Como faço para escrever poemas
se não sei colorir as folhas de papel?
Poderia desenhar linhas, pensamentos...
Transcrever emoção em letras pintadas por tormento.

Como faço para escrever poemas,
se não sei dar forma através do cinzel?
Poderia escrever em palavras, monumentos...
Esculpi-las em prosa e sentimento.

Como faço para escrever poemas,
Se melodia não sai do meu cordel?
Afinal, poetar é isso:
transformar um momento em belas canções de papel...

***

Leia-me nas entrelinhas.
Pinte-me pelos borrões.
Cante-me através do sopro
Do suspiro, dos pincéis, das frases
que a mim não te trouxeram.

***

Verbum sunt liberi omnes.
Na palavra todos são livres.

Que mais fazer para esquecer?

Quando o vento ecoa entre as paredes,
vê que está só.
Ouve o barulho do relógio
e não sabe porque partiu.

Trata logo de esquecer.
São as lembranças que
matam a alma.

Céu azul.
Areia branca.
Praia.
Correu em direção ao mar.
Mergulhou.
Sentiu o beijo.
Desligou a TV,
mas adorava comerciais de creme dental.