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12 fevereiro 2010

Significante (in)Sabedoria

Se ela soubesse o desentrelaçar das mãos
Os desvios do olhar
Os abandonos dos braços
O começar dos suspiros

Se ela imaginasse
Os cansaços e os sonos
Que se viriam com o tempo
Tornar-se-iam desespero

Se ela soubesse
Que a dúvida apazigua
Torna felizes os descrentes
E deixa morrerem à míngua
Os sobreviventes.

Se ela soubesse
Que ele se fez de contente
E que por não ter argumento
Não soube digerir
O que a ignorância tem de melhor

Se ela imaginasse
Que a vida é um exagero
Que se trabalha o ano inteiro
Não se tem o que se quer
Não se ama o que se tem
Não se realiza o que se sonha

Se ela soubesse
Que o humano não tem preço
Que a escada é sempre descida
A porta é sempre saída
E nada se prende a nós

Se ela imaginasse
Que a despedida é sempre o início
O vício é a fita do avesso
Que a cabeça encosta no travesseiro
E dormir é o suicídio

Se ela soubesse
Se ela imaginasse
Se ela vivesse
Se ela sonhasse
Talvez ela não mais dormisse.


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