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23 abril 2010
21 fevereiro 2010
Chove
Pretas nuvens que anunciam a chuva
Anunciam madrugada sem lua
E baldes d’água sobre o chão
12 fevereiro 2010
Significante (in)Sabedoria
Se ela soubesse o desentrelaçar das mãos
Os desvios do olhar
Os abandonos dos braços
O começar dos suspiros
Se ela imaginasse
Os cansaços e os sonos
Que se viriam com o tempo
Tornar-se-iam desespero
Se ela soubesse
Que a dúvida apazigua
Torna felizes os descrentes
E deixa morrerem à míngua
Os sobreviventes.
Se ela soubesse
Que ele se fez de contente
E que por não ter argumento
Não soube digerir
O que a ignorância tem de melhor
Se ela imaginasse
Que a vida é um exagero
Que se trabalha o ano inteiro
Não se tem o que se quer
Não se ama o que se tem
Não se realiza o que se sonha
Se ela soubesse
Que o humano não tem preço
Que a escada é sempre descida
A porta é sempre saída
E nada se prende a nós
Se ela imaginasse
Que a despedida é sempre o início
O vício é a fita do avesso
Que a cabeça encosta no travesseiro
E dormir é o suicídio
Se ela soubesse
Se ela imaginasse
Se ela vivesse
Se ela sonhasse
Talvez ela não mais dormisse.
11 fevereiro 2010
As paredes são testemunhas mudas
Das minhas dores mais azedinhas
Que param e ficam
Nos vértices de minh’alma
Elas olham, cantoneiras
Quando choro tão baixinho
E não há um só ladrilho
Que escape do meu lamento
Elas ouvem, sestrosas
Quando murmuro de mansinho
Que o que queria era carinho
E de minhas confidentes uma resposta.
Mas elas não sentem,
São de pedra, as danadas
E, por mais que a gente tente,
Delas nunca ouvimos sequer palavra.
Das minhas dores mais azedinhas
Que param e ficam
Nos vértices de minh’alma
Elas olham, cantoneiras
Quando choro tão baixinho
E não há um só ladrilho
Que escape do meu lamento
Elas ouvem, sestrosas
Quando murmuro de mansinho
Que o que queria era carinho
E de minhas confidentes uma resposta.
Mas elas não sentem,
São de pedra, as danadas
E, por mais que a gente tente,
Delas nunca ouvimos sequer palavra.
05 fevereiro 2010
II
No escuro não consigo ver
O que não posso ultrapassar
O escuro é o futuro
E do futuro o que será?
No escuro crio escudo
Proteção de tudo contra
Não há idéias que esclareçam
Não há a que possa salvar
Meu coração agora é um barco vazio
Que não se
amarra
a coisa
alguma.
O que não posso ultrapassar
O escuro é o futuro
E do futuro o que será?
No escuro crio escudo
Proteção de tudo contra
Não há idéias que esclareçam
Não há a que possa salvar
Meu coração agora é um barco vazio
Que não se
amarra
a coisa
alguma.
03 fevereiro 2010
31 janeiro 2010
I
Dizem que cada ser na terra é único e especial.
Não sou o espelho de ninguém
Há quem o possa ser?
Nem os filhos do mesmo ovo
Nem os olhos iguais aos outros
Nada em nós pode ser igual
Nem a lei para todos é igual
Não sigo os ideais
Os padrões, pode esquecer
Na vida, como na morte
Não é possível deixar de ser
Aquilo que se é
Aquilo que se foi
O que vai e deixa saudade
Não tente buscar em outros
Pois a comparação fere a vaidade
E vai matando o que se sente, aos poucos.
22 janeiro 2010
[Des] Vendado
Chega de versos piegas
que só nos fazem pensar em amor.
Chega de viver às cegas
que só nos faz ver os outros
sem sentir sua dor.
Enquanto eu escrevo, alguém sente fome
alguém não tem nome
ou um lar para viver
Enquanto você come
há alguém insone
por não saber o que fazer
Enquanto eu escrevo e você come
Ele não dorme
Ele não sente
Enquanto nós vivemos
Ele, ele apenas existe.
que só nos fazem pensar em amor.
Chega de viver às cegas
que só nos faz ver os outros
sem sentir sua dor.
Enquanto eu escrevo, alguém sente fome
alguém não tem nome
ou um lar para viver
Enquanto você come
há alguém insone
por não saber o que fazer
Enquanto eu escrevo e você come
Ele não dorme
Ele não sente
Enquanto nós vivemos
Ele, ele apenas existe.
20 janeiro 2010
19 janeiro 2010
16 janeiro 2010
13 janeiro 2010
Não quero fazer confissões,
Nem ao menos olhar para os lados.
São eles que passam e passam
Não sei quem são;
Não olham nos olhos.
Se não de cima a baixo é que olham.
Se não atrás dos ombros é que falam.
Ninguém sabe que eles não sabem.
E não sentem.
Apenas passam.
Trejeitam-se no espelho,
Mas não sabem por que desbotam.
Fingem interesse, mas escolhem
Apenas o que os interessa ouvir.
Não sentem ou choram
A agrura de quem os olha de cima.
Tão pequenos e tão cruéis que são
Não tem olhos ou boca ou ouvidos.
São todo ilusão.
E apenas passam, passam.
A viver na contramão.
Nem ao menos olhar para os lados.
São eles que passam e passam
Não sei quem são;
Não olham nos olhos.
Se não de cima a baixo é que olham.
Se não atrás dos ombros é que falam.
Ninguém sabe que eles não sabem.
E não sentem.
Apenas passam.
Trejeitam-se no espelho,
Mas não sabem por que desbotam.
Fingem interesse, mas escolhem
Apenas o que os interessa ouvir.
Não sentem ou choram
A agrura de quem os olha de cima.
Tão pequenos e tão cruéis que são
Não tem olhos ou boca ou ouvidos.
São todo ilusão.
E apenas passam, passam.
A viver na contramão.
11 janeiro 2010
09 janeiro 2010
[In]Reciclável
Meu poema não presta.
Está no lixo.
São idéias descartadas,
Palavras recicladas,
Rimas sucateadas.
São as PET’s não lembradas
Não tem a importância prateada
Das latas alumíneas.
Não tem o brilho do cobre
É apenas poesia opaca,
Que nem luxo-lixo soube ser.
E o papel que pesa ouro
Depois dessas linhas amassadas
O senhor catando olhou,
Também achou um lixo.
Jogou dentro do seco mesmo.
E foi procurar algo que enfim valesse.
Está no lixo.
São idéias descartadas,
Palavras recicladas,
Rimas sucateadas.
São as PET’s não lembradas
Não tem a importância prateada
Das latas alumíneas.
Não tem o brilho do cobre
É apenas poesia opaca,
Que nem luxo-lixo soube ser.
E o papel que pesa ouro
Depois dessas linhas amassadas
O senhor catando olhou,
Também achou um lixo.
Jogou dentro do seco mesmo.
E foi procurar algo que enfim valesse.
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